Nesta semana vieram à tona na mídia dois fatos dignos de primeiro
de abril envolvendo duas empresas estatais e, é claro o dinheiro dos
brasileiros. Sem muitos detalhes e nenhuma tentativa de esclarecimento, se
tornaram públicos empréstimos tomados pelo BNDES e pela Petrobras, reforçando a
posição do Brasil como dependente da injeção de recursos externos para que uma
máquina, comprometida pelos vícios da má gestão, não deixe de funcionar.
Pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi
firmado o financiamento de U$S 150 milhões com o Japan Bank for International Cooperation (JBIC) e o Mizuho
Bank, Ltd. Em nota, o banco justifica o empréstimo como estratégia de ampliação
do relacionamento com instituições financeiras internacionais. Sobre condições
e a negociação da dívida, nada esclarece.
Vale
destacar que o mesmo BNDES pagou R$ 20,7
bilhões para financiar obras no exterior em 2014, tocadas por empreiteiras como
a Odebrecht, acusada na operação Lava Jato pelo suborno de agentes públicos. O
BNDES captava dinheiro emitindo títulos públicos, com
base na taxa Selic (11% ao ano),
enquanto emprestava a 6%, arcando
com os outros 5%. Por isso, dos R$ 414 bilhões financiados 2014, bancou R$ 20,7
bilhões. Os empréstimos do Tesouro ao BNDES já são de R$ 414 bilhões (8,5% do
PIB).
A Petrobras,
depois de ter anunciado a venda de ativos na área de exploração e produção de
petróleo na Argentina por U$S 101 milhões, obteve um empréstimo, sem nenhuma explicação, de U$S 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China. Um valor
exorbitante, concedido de forma rápida a uma empresa pública que não consegue
prestar contas, incapaz de emitir um balanço confiável a respeito de suas bases
financeiras abaladas pela corrupção.
A Petrobras, empresa estatal, de capital aberto, também não informou
sobre as condições ou taxas do financiamento. À Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), sintetizou como o primeiro de uma série de acordos de cooperação entre
os países. À imprensa e aos brasileiros, nada foi dito pelo governo, mas apenas
por fontes sigilosas que apontam a negociação do petróleo brasileiro para
abastecer os importadores em troca de recursos emergenciais para tapar o buraco
da Petrobras. Praticamente, uma grande operação secreta com dinheiro público.
Aos poucos, sem alarde e sem consulta, colocaram o Brasil para alugar.
Os brasileiros sustentam um sistema perverso e hipócrita, que drena os recursos
públicos com operações criminosas envolvendo a administração das estatais, pede
empréstimo para tapar o buraco e manda a conta de volta para o contribuinte,
que não recebe nem ao menos o recibo do papel de trouxa que faz nas mãos do
governo. Bancamos a dilapidação do patrimônio nacional sem aviso, sem escolha e
sem a oportunidade de dizer a corruptos e corruptores para arcar com a conta,
porque nós não vamos pagar mais nada.
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